Memórias de um vôo
Postado por Taiane Maria Bonita , segunda-feira, 6 de dezembro de 2010 14:51
[parte 01]
Talvez não seja o exterior, talvez não seja as nuvens que logo estarão passando sob os meus pés. O fato é que o que sinto é que posso alcançar todo o mundo, e me dou conta do quão pequena sou.
Toda sensação de supra liberdade me reduz ao tamanho que sou, o de um ser humano. Assim, ainda tão imperfeito, tão insignificante se comparado à imensidão azul do céu que me proponho a desbravar nesse momento.
Ao que me parece tomar consciência da grandeza das coisas que nos cercam, coloca sobre o peito a responsabilidade de ser tão pequeno. Se é assim tão minúsculo meu tamanho diante do todo, só me resta colocar-me no lugar que ocupo, o de aprendiz. E arcar com as responsabilidades que dele me são atribuídas.
O ronco do motor do avião é intenso como meu coração nesse momento; estranhamente, à medida que as turbinas aumentam sua rotação e ganhamos velocidade para decolagem, meu órgão vital se põe calmo. Movimento inverso daquele que eu esperava.
O grande pássaro de metal ganha altura e toma seu lugar dentre as nuvens. Me ligo ao azul do céu, enquanto contemplo a doce brancura das nuvens.
Aqueles que crêem somente naquilo que enxergam têm um mundo muito pequeno. Faço-me grata por acreditar em mais do que os meus olhos vêem, acredito naquilo que meu peito sente.
O nó apertado em minha garganta se desfaz. E agora, eu vôo.
Escrito em: Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2010