Une journée comme turiste [ou pas]

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 12 de dezembro de 2010 13:57


Prezados leitores prestais bem atenção no que vou vos dizer: vida de historiador não é fácil. Além de ter que lidar com as dificuldades que a profissão nos traz – não se iluda; se você estudante desavisado pretendia fazer história e ficar milionário ao final da faculdade, creio que seja melhor trocar de ramo. Além disso, temos ainda que conviver com nós mesmos.

Sim! Historiador é chato. Se você, que lê esse texto agora, é um historiador reconheça: você é um pé no saco. Você problematiza tudo, questiona tudo, você teoriza tudo.

Meu caro amigo, se você é um estudante de história e não se encaixou no perfil acima descrito aconselho que volte para a faculdade e refaça as matérias que reprovou por FI (freqüência insuficiente).

Futuro historiador conforme-se. Ao final dos quatro anos de faculdade você receberá o tão sonhado diploma e mais um certificado de chato, inteiramente grátis. Eu mesma já admiti, vesti a camisa e para aqueles que me perguntam respondo sou historiadora (logo sou chata). Se por um lado percebo que não consegui fugir da maldição do historiador por outro isso me deixa feliz, pois significa que até agora consegui passar em todas as matérias sem problemas – mamãe deve estar feliz.

Mas hoje...

Hoje foi o dia que tive certeza de que sou uma historiadora. Já faz uma semana que estou em Paris. Sim, PARIS! A cidade das lumières, a bela e romântica Paris; sonho das mocinhas apaixonadas.

As pessoas falam que estou em Paris como se eu estivesse em Marte. Paris é apenas uma cidade, linda, charmosa e apaixonante; mas uma cidade. Compreendo a atmosfera criada sobre este lugar, compartilhei por esse sentimento por um longo tempo. Mas acontece que sou uma historiadora.

Não me é suficiente passar férias no lugar onde 80% das pessoas do mundo já sonhou em estar, eu tenho de problematizar algo. Visito Paris como quem visita uma velha amiga, nos encontramos depois de um longo tempo. E o que me prende atenção não são os imensos monumentos, ou a arquitetura megalomaníaca datada de século XIX; são as pessoas. Ou melhor, a relação que as pessoas têm com esta cidade.

Enquanto metade do mundo sonha em passear de mãos dadas pela Champs-Élysées, os franceses evitam essa avenida por causa dos engarrafamentos. Enquanto os turistas não conseguem dar dois passos sem deixar cair seus queixos ou levantar as máquinas fotográficas, os parisienses atravessam o Sena preocupados com o horário do próximo metrô. É esse o incrível de uma viagem, ver como diferentes pessoas em diferentes partes do mundo percebem a cidade onde vivem.

Pois não importa onde você mora Paris, Roma ou Veneza no final a cidade, mesmo com toda sua carga histórica, construções monumentais ou status mundial, é apenas uma cidade; como qualquer outra.

Obviamente me permito meus momentos de turista. Máquina no pescoço para aderir à moda e sorriso estampado no rosto. Afinal de contas c’est bien jolie de imaginar a queda Bastilha aos 14 de julho de 1789 ao passar pela Place de la Bastille; ou pensar nas tropas de Napoleão adentrando Paris ao olhar para o Arco do Triunfo. Ou ainda me impressionar com os entrelaçados de ferro da Torre Eiffel – aquela que foi construída como um monumento temporário para celebração do centenário da Revolução Francesa e se tornou um dos maiores símbolos de Paris e um dos monumentos mais visitados do mundo.

Vantagens de ser uma historiadora – era impossível que só tivessem desvantagens – conhecer e apreciar uma cidade para além de sua estética, para além de seu ar encantador. Conhecer uma cidade com os olhos de quem estuda a história.

Ça me plaît beaucoup!

Memórias de um vôo!

Postado por Taiane Maria Bonita , terça-feira, 7 de dezembro de 2010 12:36


[parte 02]

Quando o mistério se apresentar: perceba-o. Já li alguns textos ao longo de minha vida acerca de pessoas que clamam aos céus sem que tenham os olhos atentos e os ouvidos abertos para receberem uma resposta.

Ontem pedi por guarnição. Muitos julgam que se lançar ao desconhecido com a cara e a coragem significa tão somente não temer o que há de vir; para mim, um passo de coragem – para além da incerteza do que virá e do peito aberto para o desconhecido – deve ser respaldado por aquele que nos guarnece.

Do meu lado direito, pela pequena abertura da janela do avião de onde tudo o que se via era a escuridão da noite fria da Europa, um ponto começou a brilhar.

De início acreditei que seria um reflexo de algo no interior do avião. A noite lá fora estava negra que podia-se cogitar a hipótese de que a aeronave estava perdida no vazio do espaço. Qualquer objeto luminoso para fora daquele avião poderia ser um ET numa bicicleta, ou o próprio disco voador.

Mas acontece, caro leitor, que tinha algo lá fora que brilhava! E não era nem ET, nem OVINI. Fixei por um tempo meu olhar na ola de luz para procurar entender o que seria, a 11 mil pés de altitude dificilmente se trataria de uma antena.

A possibilidade de ser uma estrela me passou pela cabeça, entretanto, se o fosse por que um céu tão escuro? E por que eu só via um único ponto brilhante? Pela luz que aquilo emanava, se fosse uma estrela; era uma estrela digna de um céu repleto delas. Ela se postava, no entanto, solitária no céu.

Perto da aterrissagem, quando meu coração resolveu ter taque cardíaca, e finalmente o sol resolveu dar o ar de sua graça; quando o céu brincava com as cores e ensaiava tonalidades, exibindo um belo painel em tons de azul e laranja; voltei novamente minha atenção para aquele ponto.

E reconheci aquela que sozinha me acompanhava: a estrela do norte. Agradeci! Quando o mistério se apresentar, por favor, perceba-o!

Memórias de um vôo

Postado por Taiane Maria Bonita , segunda-feira, 6 de dezembro de 2010 14:51


[parte 01]

Engraçado todas as outras vezes que entrei num avião eu estava acompanhada. O fato de entrar num avião e sobrevoar os céus já possibilita uma sensação de liberdade, que por causa de fobias nem todos vivenciam. Agora, ao entrar sozinha nessa máquina de ferro que desbrava os ares, a sensação de liberdade que me toma nesse minuto e tamanha que me sufoca.

Talvez não seja o exterior, talvez não seja as nuvens que logo estarão passando sob os meus pés. O fato é que o que sinto é que posso alcançar todo o mundo, e me dou conta do quão pequena sou.

Toda sensação de supra liberdade me reduz ao tamanho que sou, o de um ser humano. Assim, ainda tão imperfeito, tão insignificante se comparado à imensidão azul do céu que me proponho a desbravar nesse momento.

Ao que me parece tomar consciência da grandeza das coisas que nos cercam, coloca sobre o peito a responsabilidade de ser tão pequeno. Se é assim tão minúsculo meu tamanho diante do todo, só me resta colocar-me no lugar que ocupo, o de aprendiz. E arcar com as responsabilidades que dele me são atribuídas.

O ronco do motor do avião é intenso como meu coração nesse momento; estranhamente, à medida que as turbinas aumentam sua rotação e ganhamos velocidade para decolagem, meu órgão vital se põe calmo. Movimento inverso daquele que eu esperava.

O grande pássaro de metal ganha altura e toma seu lugar dentre as nuvens. Me ligo ao azul do céu, enquanto contemplo a doce brancura das nuvens.

Aqueles que crêem somente naquilo que enxergam têm um mundo muito pequeno. Faço-me grata por acreditar em mais do que os meus olhos vêem, acredito naquilo que meu peito sente.

O nó apertado em minha garganta se desfaz. E agora, eu vôo.

Do sertão

Postado por Taiane Maria Bonita , sexta-feira, 29 de outubro de 2010 13:34


Das flores trazidas pelos ventos da primavera a que mais me encanta é aquela que cautelosamente encontra espaço entre a terra ressequida do sertão e o desejo de florescer. Quem já sentiu no rosto o sopro quente do ar do sertão entenderá tamanha admiração.



Enquanto espera pacientemente que a chuva venha presentear suas folhas a intrépida flor conta com o brilho do luar para afagar as pétalas que durante o dia cederam suas cores aos raios do sol.


Imensidão

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 24 de outubro de 2010 02:54

Ponho-me a refletir ao passo que projeto meu corpo para trilhar sobre as linhas férreas que conheci desse país; elas levam-me ao longe, mesmo que meus pés estejam de fato cravados ao chão. O emaranhado de trilhos carrega meu pensamento pelo chão extenso até a Amazônia e os seringais. Terra que carrega um tesouro, e berço da estrada de ferro; peregrino até a Amazônia para que consiga encontrar-me dentro de meu próprio ser.

De fim a princípio.

Postado por Taiane Maria Bonita , sexta-feira, 8 de outubro de 2010 12:10

Escondi meu rosto para mostrar-lhe minha mão; não aquela que toca, acaricia, ou manuseia, a que dá cordas aos confins de minha imaginação. A mão que preenche o papel branco, que colore as lacunas do pensar e assim dá vida.

Aqui! Não é a boca e sim a mão que ganha a incumbência de contar; contar histórias, quaisquer que sejam elas. Porque antes de tudo nada era; e no princípio tudo era verbo, e só depois veio a palavra. Da palavra veio o contar e do contar a história.

Eis-me aqui! Exatamente aqui, entre o contar e a história!

[Quase] Primavera

Postado por Taiane Maria Bonita , quarta-feira, 22 de setembro de 2010 21:35


Nas vésperas da primavera me abalo com o peso de minhas recordações. Estranhamente o dia que antecede a estação das flores trouxe consigo carregadas nuvens de saudade, derramando a chuva como lágrimas que hão de lavar os campos; deixando-os férteis para que recebam as sementes.

As recordações se fazem vivas pois passam pelo processo de retransitar pelas vias dos cordis, e ao fazê-lo tumultuam sua freqüência de batidas. Incrívelmente cada lembrança se junta ao meu peito a mesma medida em que as nuvens se aproximam para tapar o azul do céu. Não são nuvens brancas, iluminadas pelos raios do sol são um aglomerado cinza esperando a hora de derramar suas águas.

Diga lá!
Alguém avisa o clima que amanhã é primavera.
Diga lá!
Alguém avisa meu coração que a chuva cai e as nuvens passam.
Porque amanhã! Amanhã é primavera!!

Enfim, apresento-me.

Postado por Taiane Maria Bonita , sábado, 31 de julho de 2010 08:21

Recordo-me que falava do tango, sinto-me deveras emocionada quando me refiro a tal ritmo. O compasso do acordeom e a volúpia dos corpos rodopiando em meio ao salão me encantam.

O tango é o bater dos corações dos amantes em euforia, o êxtase supremo que escapa dos corpos e ganha vida em forma de som. Tão excitante quanto o orgasmo de mil virgens. Esse ritmo, para mim repleto dos mais sutis significados, segue o fluxo contrário dos demais sons. Sobe-me pelas coxas como as mãos de um amante fervoroso até chegar ao meu peito, aonde adentra minha carne e se instala em meu órgão pulsante.

Ao ouvir o tango revivo minhas lembranças, as quais escapam de minha memória e se postam frente aos meus olhos, como um presente momentâneo.

Vejam só, já estou eu novamente me perdendo entre os mais variados pensamentos sobre o tango. Prometi-lhes contar minha história, assim o farei, e começo pelo exato momento em que escolhi o meu nome. Não me entendam mal, não escondo aqui meu nome verdadeiro por não gostar deste, muito menos por vergonha daquilo que irei narrar, apenas acho que meu nome não combina com o tom que levei minha vida.

Naquela noite cortei meus pulsos! Sim, para mim é natural falar isso assim. Mas talvez minha calma ao anunciar esse fato se dê pela ausência do desejo de morrer. Pode parecer engraçado alguém cortar os pulsos senão para morrer. Replico dizendo que já me sentia vazia de vida antes mesmo de passar a lâmina pela minha carne. Suponho que quisesse lavar minha alma com sangue, já que o vinho não cumprira tal encargo. Nem mesmo a cachaça mais amarga apagaria minhas dores naquela noite.

Talvez a dor carnal diminuísse aquela entranhada em meu órgão vital. Mas, de fato, não cheguei a senti-la, ao ver o ferro atravessando as finas camadas de minha pele, hesitei. Prefiro entregar-me aos prazeres mundanos do que mutilar-me pelas dores que alguém plantou em meu peito.

Assim aconteceu, procurei o rouge entre meus pertences, corei minha face, apertei os lábios, soltei meus longos cachos e sai a procura de um macho que pudesse me preencher com sua virilidade. E foi nos braços de um belo exemplar masculino que matei a mim mesma, foi nos braços de um belo exemplar masculino que criei a mim mesma.

Agora eu era Cacilda B.

Tango Noturno

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 25 de julho de 2010 20:19

Peguei-me a ouvir um tango um dia desses, confesso que tal ritmo faz minhas veias pulsarem com mais vigor. Lamento que não tenha aprendido, quando ainda jovem, a emaranhar minhas pernas as de um macho ao som de um bom tango; refiro-me à dança, logicamente. Sempre fui fascinada por ela, porém quando moça preocupava-me em me emaranhar em pernas de uma outra forma, e sempre fui boa nisso.


Agora reservo-me às lembranças da juventude, e aos sonhos que por vezes permito-me ter. Já que a dança, esta já não dialoga mais com meus joelhos. Desculpe-me o saudosismo, garanto-lhes que não sou uma velha rabugenta que culpa a juventude dos outros pela ausência da sua. O fato é que a juventude está no espírito e não nos joelhos, desta forma julgo-me jovem; mesmo que as linhas de minhas mãos e os traços do meu rosto insistam em negar tal sentimento.


Contar-vos-ei minha história, mas não esta noite. Esta noite entrego-me ao tango.

Entre tempos

Postado por Taiane Maria Bonita , segunda-feira, 28 de junho de 2010 14:53


Por tanto pensar no passado, imaginei um futuro e acabei me perdendo no presente. Voltei-me aos dicionários afim de encontrar uma definição adequada para ação de se perder. Foram inúmeras as opções que me foram dadas, língua intrigante essa que falamos, tantos significados para uma mesma palavra. Tantas definições para um mesmo sentimento. Tantos tempos para o mesmo verbo. Dentre minhas opções, a que melhor me convence é a oportunidade de se encontrar, após ter se perdido.

Se o passado já passou, se o futuro está por vir. O presente é a dávida que lhe nomeia.

De mim, por mim

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 20 de junho de 2010 23:22

Quem dera eu transpor nestas frases meus sentimentos a respeito de quem sou. Mas as palavras, outrora tão amigas, neste momento me parecem não compactuar com esta idéia. Para desvendar a pessoa que hoje sou, precisarei lhe contar de onde vim, por onde passei, com quem conversei, quem tocou meu coração e nele permaneceu e também aqueles que partiram depois de deixar uma pequena parcela de seu próprio ser.

E agora? Como me definir. Se é que palavras definem alguém, prefiro acreditar que não meus atos que me definem. Isso significa dizer que prefiro saber do uso que faço de minhas palavras do que delas em si.

Palavra, o fato de pronunciá-la acarreta numa força da qual a maioria das pessoas não consegue compreender. Sua palavra pode perturbar a paz, mas também, e felizmente, trazê-la ao coração de quem precisa. Inquietante saber que uma simples palavra pode ser o bater de asas da borboleta; isso lhe faz responsável pelo que pronuncia, isso lhe faz responsável por uma possível lágrima derramada, ou um belo sorriso esboçado. Qual a distância entre a lágrima e o sorriso? Talvez uma única palavra; talvez uma centena; talvez ela não esteja em você. Entretanto a ciência de que aquilo que você diz não pode ser desdito, não lhe deixa mais cauteloso a respeito do que proferir?

Quem sou? Sou alguém impossibilitada - mesmo que por hora - de ver o mundo como ele é, sou alguém que olha o mundo do jeito que eu sou.

Sem motivo

Postado por Taiane Maria Bonita , sábado, 19 de junho de 2010 20:25

Deixa-me inquieta a freqüente pergunta que me fazem a respeito do motivo das minhas palavras. Se algum senhor doutor souber me responder se precisa de um motivo para escrever, responda-me por favor.

Dificultam meu trabalho se à cada parágrafo que eu escrever eu tiver que procurar fórmulas secretas, ou motivos inconcretos para justificar minhas palavras. Sinto muito informar, mas escrevo porque isso alivia meu pensar. Sem mais, sem segredo, sem mistério.

E se por acaso você se encontrar em minhas palavras, não! Não era eu que dedicava minhas linhas a sua pessoa. E sim você que partilha o sentimento que perpassa pelo meu punho, atravessa meus dedos e encontra a folha branca para depois chegar aos seus olhos e preencher seu coração.

É meu amigo, não sou eu que pensei em você. Foi você que pensou em mim.

Sobre como se despedir de um grande amor

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 10 de junho de 2010 19:02

Ela ainda nem o conhecia, mas sentiu seu coração bater mais forte ao ver a foto dele. Eles então se conheceram e se gostaram. Ela não esperava nada, ele tão pouco, aliás gostava mesmo era da farra.

Mas acontece que ele se apaixonou, e ela caiu de amores pelo belo partido. Ela o achava perfeito, outro adjetivo senão fantástica não servia para definí-la. O tempo passava e tudo se tornava cada vez mais perfeito.

Infelizmente eles não se lembraram da música que dizia que o "pra sempre, sempre acaba". Engraçado, a cantora era a mesma de outra música que ele tinha oferecido para ela um certo tempo atrás. E "as cores lindas tão mais lindas" foram ficando cada vez mais opacas, e o pra sempre foi ficando cada vem mais distante.

Ela viu tudo em que acreditava desmoronar diante de seus olhos e quis chorar, quis entender o porquê, vagueou por muito tempo sem resposta, até entender que jamais entenderia por quê.

Ela achava que ele era perfeito, descobriu que como todos os outros ele era de carne e osso. E o amou ainda mais por vê-lo assim tão humano. Ele também a idealizou, talvez de mais, e percebeu que ela também era passível de erros. Ele então se decepcionou.

Não era que eles não se amassem, não era que não tivesse dado certo. Eles só viviam em mundos diferentes. E ultrapassar essas barreiras era difícil de mais. O que lhes resta agora? Nada além do que dizer adeus.

Negação

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 6 de junho de 2010 17:36

Me impus grilhões dos quais agora
não consigo me desvencilhar
Minha atual batalha não é contra os outros
Luto contra eu mesma.


Arranho minha memória
pra tentar me convencer
de que não é amor
o que sinto por você.
Disfarço, faço graça
me dou mais de mil motivos
para amor isso não ser.


Mas se quiser saber a verdade.
Lhe digo: sinto muito!
Mas tenho medo de amar você.

NOTA DE REPÚDIO À INVASÃO DA UDESC PELA POLÍCIA

Postado por Taiane Maria Bonita , quarta-feira, 2 de junho de 2010 12:04

Na noite de 31 de maio, frente a uma manifestação de estudantes na entrada principal do campus da UDESC no Itacorubi, contrária ao aumento das tarifas de ônibus urbanos na capital, uma ação da Polícia Militar, sob o comando do tenente-coronel Newton Ramlow, resultou na agressão, no espancamento e na detenção de pessoas, com invasão do campus da UDESC.

Apesar da alegação de "garantia da ordem e do direito de ir e vir dos cidadãos", o aparato policial, paradoxalmente, prejudicou o fluxo de veiculos, confinou os estudantes dentro do campus e promoveu uma sucessão de atos de violência e brutalidade. Policiais armados de cassetetes, arma taser, gás pimenta e cães criaram um confronto desigual e inadmissível em contraste com os manifestantes, que promoviam uma passeata pacífica, fundamentada em uma postura de cidadania legítima e coerente com o que se espera de acadêmicos críticos e preocupados com os problemas da cidade em que vivem, entre eles, o estado vergonhoso do transporte coletivo de Florianópolis.

Este lamentável acontecimento foi presenciado por vários professores, que tentaram inutilmente mediar a situação, cujas consequências podiam ser vizibilizadas no terror dos estudantes acuados, temerosos diante da truculência dos policiais envolvidos.

A ADFAED - Associação dos Docentes da FAED e a APRUDESC - Associação dos Professores da UDESC consideram que o acontecido envolveu uma dupla violência: contra os manifestantes e seus direitos de livre expressão e associação, e contra a Universidade, cujo dever é justamente o de promover o debate, a reflexão, a crítica e o respeito aos direitos civis.

Repudiamos, portanto, a invasão do campus da UDESC pela polícia militar bem como as agressões cometidas contra os estudantes, e exigimos que as autoridades competentes atentem a seus deveres constitucionais, como requer um Estado democrático e de direito.

Ilha de Santa catarina, 1 de junho de 2010

ADFAED e APRUDESC

Palavra Escondida

Postado por Taiane Maria Bonita , terça-feira, 25 de maio de 2010 21:14

Existe uma palavra presa em minha garganta

ela oscila entre minha laringe e minha traquéia,
passando por minhas cordas vocais,
mas mudam o rumo antes que estas possam vibrar
produzindo qualquer tipo de som.

É assim,
essa palavra insiste em não ser pronunciada.
E mesmo assim, não deixa de transitar
nas proximidades das cordas que lhe dariam vida.

Teimosia de palavra,
é assim que se chama.
Já tentei engoli-la mais de mil vezes,
mas a birrenta se enfeza e pula para ponta de minha língua.
Quando acho que esqueci da danada,
encontro-a escrita em meus rascunhos.
Destruo-os imediatamente,
para ter certeza de que mais ninguém foi testemunha de sua existência.

Não é fácil assim brigar com palavra,
elas são insistentes.
E nos raros momentos que nos encontramos frente à frente
sinto que ela me sussurra alguma coisa.
Se por acaso eu me esforçar,
consigo ouvi-la murmurar:
CORAGEM!

Receita para um novo coração

Postado por Taiane Maria Bonita , terça-feira, 18 de maio de 2010 13:09

Lembro-me bem!


Para ser sincera sinto que jamais poderei esquecer, de que certa data eu lhe disse que sentia como se meu meu coração tivesse sido arrancado de meu peito, colocado num liquidificador e batido até o ponto que estivesse em pedaços. Você não deixou de rir de minha tola analogia. Ainda com um sorriso estampado no rosto, você afagou minha bochecha, secou minhas lágrimas e disse que resolveria meu problema: recolocaria meu pobre coração no liquidificador, acrescentaria um pouco de cola - daquelas bem fortes e pegajosas - e bateria novamente.

Dessa forma os pedaços de meu coração partido conseguiriam se realocar. E pronto! Ele estaria novinho em folha. Pois é! Assim foi feito, meu coração novamente diminuido à pedaços - dessa vez, os menores que jamais pude imaginar. Esperei que cada particula se acomodasse em seu devido lugar, até que tivesse novamente forma de coração.


Mas e a cola?
Bem meu amor!
Essa ainda não secou.
Sinto sempre a sua falta.



Declaração a um surrealista

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 13 de maio de 2010 08:22

Com todas as forças de minhas entranhas

Tu fostes amado.
Desapegada de razão,
Desapropriada de palavras,
deixei de lado todo o método
e a razão que me impuseram na escola.
Tudo isso para te amar.

Amei-te loucamente
Encontrei-te em meus sonhos
E te perdi no meu inconsciente.

Um dia abri os olhos
e te vi de carne e osso.
Feito de imperfeições,
recheado de defeitos.

Vi meu sonho transformado em realidade,
ignorei as projeções de minha mente.
E pela primeira vez
Amei-te por inteiro.

Assim, repleto de defeitos.
Assim, posto em verdade.

Simples Assim

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 29 de abril de 2010 20:05

Adoro o jeito que no meio da noite

Tu abres os braços e me aconchega em teu peito
Mesmo que entregue ao mais longínquo sonho.
Ainda assim,
sentes minha presença
e me acolhe nos braços teus

Sabes, acho bonito
declaração sincera
da ciência de minha presença.

Entrego-me à este abraço
como me entrego aos sonhos.
Recordo-te assim, meu Morfeu!
Não vejo teu rosto,
mas sinto o ritmo de tua respiração
sob minha bochecha.

Escuro!

Postado por Taiane Maria Bonita , sábado, 24 de abril de 2010 12:04

Um passo à frente e uma barreira

dois à traz e mais outra,
se estender os braços
o que vai encontrar é a mais sólida opressão

Ouço um grito distante,
a voz me diz para que abra os olhos.
Será que ela não percebe que já estão abertos?

Concentro-me em minha respiração,
agora é o único som que escuto.
Sinto a cada inspiração meu peito estufar.
É minha única referência agora,
o ar que entra e sai dos meus pulmões.

É preciso desvendar!
Não há chave para a porta que me oprime,
porque não há porta.
É preciso transcender!
Ilumina-se o olhar.
Agora vejo o sol brilhar...

Por quê?

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 1 de abril de 2010 10:18

Eu chorava,
Você me perguntou por quê?
Eu mal soube responder;
Disse-lhe que minha lágrima
era um fio que escapava
daquilo que eu não podia esconder.

Você me repreendeu,
disse-me para que eu não mais chorasse.
Eu quis lhe perguntar por quê?
Eu vejo o mundo de um jeito que ninguém vê,
Talvez, para mim,
ele seja mais belo do que para você.
Por isso que meu olho vaza,
mesmo que eu não saiba o porquê;
Talvez por isso você não consiga entender.
É que eu sinto o mundo diferente de você.

Da convicção

Postado por Taiane Maria Bonita , domingo, 28 de março de 2010 23:28

O ar empírico que circula a minha volta me faz cega às verdades que procuro desvendar, opacidade brutal que venda os olhos de todos a tudo aquilo que somente a leveza da alma é capaz de revelar. Essa necessidade de provas e fatos materiais me sufoca ao olhar do mundo que por vezes eu não pertença. Minhas provas vêm do íntimo, do âmago de meu ser, onde somente eu posso procurar e que por si só se fazem suficientes.

Só carrega o peso aquele que é capaz e só o carrega porque o sente necessário. De todas as pessoas que optam por se livrarem daquilo que lhes pesa, eu, convicta, guardo aquilo que me é grave. O peso de minha certeza liberta meu coração, o peso de minha certeza me oferece a leveza de quem sou. Posso assim seguir plena sabendo que carrego aquilo que me vale em vez de seguir pelo caminho da aparente leveza do esquecimento.

Instante

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 25 de março de 2010 18:26

O horário era o mesmo de todas as outras vezes que nos encontrávamos. Não havia outra opção, eu deveria pegar aquele mesmo ônibus. Talvez você já tivesse o tomado, talvez você nem fosse, mas meu coração insistia em me alertar que eu teria de lhe encontrar.

O compasso que minhas artérias bombeavam o sangue de meu peito inflavam meu órgão o deixando quase desproporcional. Sentia como se a qualquer momento meu coração fosse saltar para fora de mim. O tempo que levei para me arrumar pareceu se multiplicar. Mas enfim estava pronta, tentei enrolar o quanto pude, queria evitar o momento de sair de casa.

Desci cada degrau da escada como se fosse um degrau para meu próprio precipício. Cheguei na parada, o ônibus não tardaria a passar. Cada segundo era uma martelada em meu peito, por vezes de uma tamanha intensidade que chegava a me sufocar.

Percebi o coração acelerar ainda mais, se é que isso era possível, era o ônibus se aproximando. O veículo parou, o motorista abriu a porta, eu respirei fundo, coloquei o pé no primeiro degrau da porta e me muni de minha mais profunda coragem para seguir em frente. Entrei no ônibus, fechei os olhos, soltei o ar de meus pulmões e abri as pálpebras novamente...

Você não estava lá. Passei a catraca e me dirigi até o banco o mais rápido possível, com movimentos quase que mecanizados. Por um momento minha mente se esvaziou, por um momento meu coração parou; oprimido pelo peso de sua ausência.

Chorei!!

Resposta ao yahoo!

Postado por Taiane Maria Bonita , terça-feira, 23 de março de 2010 21:21

O que faz alguém saber que gosta ou deixa de gostar? A quantidade de impulsos que você consegue controlar?! Bem, acho que as coisas não exatamente desse jeito.

É lógico! Auto-estima e amor próprio é fundamental em uma relação, mas não somente quando ela termina. O que faz uma pessoa continuar afirmando que é apaixonada por outra mesmo depois uma série de mágoas que ela [provavelmente] guarda após o rompimento de uma relação?
Ninguém nessa vida é completamente ruim ou completamente bom, e ninguém tem o direito de julgar ninguém. As pessoas estão sujeitas a tomarem decisões e atitudes que machucam alguém que de fato foi [ou ( por que não?) ainda é] muito importante na sua vida. Relacionamentos nem sempre acabam porque acabou o amor. O fato é que a função principal de um relacionamento é que as pessoas aprendam e cresçam umas com as outras.

Talvez eu viva em um mundo de arco-íris, mas nesse meu mundo ninguém deixa de amar ninguém. O sentimento que você tem por uma pessoa se transforma, mas nunca deixa de existir. Por que amor precisa [necessáriamente] ter uma conotação sexual? O carinho e respeito que se cria numa relação a dois jamais deixa de existir, e se você acredita que deixa, sinto dizer que talvez aquilo que você pensava que era amor não passava de vaidade e orgulho. Amor é um sentimento sublime, não existe nada mais verdadeiro do que o amor.

Não me entendam mal, não estou aqui defendendo que as pessoas devam cortar os pulsos, ou se jogarem da ponte por causa de uma amor 'perdido'. É certo que o tempo é rei, e uma fase de tristeza no coração é mais do que natural, é primordial, após o término de relacionamento. As pessoas tem sim o direto de sofrerem por relacionamentos aos quais acreditaram um dia, entretanto, tem também o dever de aprender a viver após essa fase. Não é carência, baixa auto-estima, ou qualquer outra coisa que faz uma pessoa sofrer por alguém que a machucou, que a fez chorar, que a fez ouvir música de fossa. Mas sim, o fato de que ela acredita no relacionamento o qual lhe fez muito bem um dia, que lhe fez rir, sonhar, e voar pelas nuvens. As pessoas sofrem, ao término de um relacionamento, por acreditarem que são as coisas boas de um relacionamento que devem ser priorizadas. E quem vai as culpar por isso?!

O mundo não acaba com o término de um namoro, entretanto, é com certeza que afirmo que ele fica sem brilho. Talvez por um mês, talvez por dois, talvez mais, cabe a nós reencontrar o brilho perdido nesse momento. Ver as coisas belas que nos cercam, procurar as cores noutros lugares, algumas pessoas ficariam surpresas com a beleza e delicadeza de uma simples borboleta.

Não é tentando se convencer de que ele(a) não era "bom(a) o suficiente para mim", ou de que umas pessoas são melhores que as outras que se esquece [ou supera] um relacionamento mal resolvido. Como disse anteriormente, talvez isso seja romantismo de minha parte, mas prefiro descartar os maus sentimentos de meu coração e manter os bons. Seguirei sempre com minha vida, mas nunca apagarei o sentimento que tenho em meu peito. A grande questão não é estar junto, ou não estar junto de alguém. A grande questão é ser feliz independentemente de um namorado(a), ou ex-namorado(a). A felicidade está dentro de cada um, quando se tem um relacionamento só se multiplica essa felicidade, isso não quer dizer que ao fim desta, a felicidade precisa se esvair [e com ela o amor].

Contudo, sou uma ETERNA defensora do amor e daqueles que se declaram amando. Defendo o direito de amar, não só o que é bom, não só o que é belo, não só o que é alegre. Defendo o direito das pessoas de preencherem seus corações com essa sentelha divina que é o amor, por todos. Pois amar só aquilo que lhe faz bem é muito fácil.

Resposta ao texto: Quando é preciso controlar os impulsos (Por Sandra Maia)

O mar

Postado por Taiane Maria Bonita , quinta-feira, 18 de março de 2010 12:00

Aquilo que o mar traz ele carrega.

Senti nesses dias uma vontade incrontolável de me jogar ao mar.
Vontade aquelas que vem não sei de onde
e apertam o peito até serem satisfeitas.



Imenso espelho de minh'alma
Carrega de volta
As sobras que tuas ondas trouxeram.

E deixa-me aqui,
inteira!De coração aberto,
E alma limpa.

Princípio e fim

Postado por Taiane Maria Bonita , segunda-feira, 8 de março de 2010 15:48

Mesmo que meu peito
ainda que por pirraça
insista em mostrar
aquela tranqüilidade desejada.

Ainda sinto um fio de dor
tentando escapar pelo canto de meu olho
Com forma de gota
Levemente salgado
Mas com peso de mil dias
e mil noites
presos em minha memória.

É!
Aperta a garganta,
desfaz o nó.
Amanhã o sol já vem,
Amanhã será melhor.

Palavras

Postado por Taiane Maria Bonita , terça-feira, 23 de fevereiro de 2010 11:06

Há palavras,

proibidas.
Que se não ditas
Amarguram o peito
daquele que as detém.

Sinto que minhas palavras não ditas
permaneçam escondidas.
Pudera eu, oferecê-las
junto ao seu sorriso.

Oprimo minhas palavras
Para te oferecer minha poesia.